Tudo pelo bem da ciência!
Giovani Brandão Mafra e a assistente Camila Bento: projeto para baixar o custo da produção
SÃO PAULO – Aquela lista estratégica de motivos para tomar cerveja ganhou mais um item: o progresso da ciência. Hoje e amanhã, a Escola de Engenharia de Lorena (a 182 km de São Paulo), da USP, vai recrutar “cobaias” para análise sensorial – degustação, para ser mais claro – de uma nova fórmula de cerveja, que leva banana em sua composição. Requisito fundamental: apreciar as geladas.
O projeto da cerveja está sendo elaborado desde 2003 por Giovani Brandão Mafra de Carvalho, que faz doutorado na faculdade, orientado pelo professor doutor João Batista de Almeida e Silva. Segundo Giovani, a banana substitui cerca de 20% a 25% do malte no processo de fabricação da bebida. “A idéia é baratear o processo de produção, e, ao mesmo tempo, valorizar a cultura da banana local”, afirma. “Escolhemos a banana prata porque ela é mais abundante na região e porque ela conta com maior teor de açúcar, o que ajuda na fermentação”. Fora a banana, a cerveja tem os ingredientes de uma pilsen – água, malte, fermento e lúpulo, e apresenta teor alcoólico de 4,8%.
Antes de começar o processo de fabricação, é preciso descascar quilos e quilos de bananas maduras, que serão tratadas antes de entrar na fórmula. No trabalho braçal, entram, além de Giovani, a assistente e aluna de iniciação científica Camila Bento e o técnico do laboratório, Cléber Mateus Tomazzi.
A reportagem do caderno Paladar provou a cerveja esta semana – pelo bem da ciência, é claro. A primeira surpresa é que a versão degustada, com concentração menor de banana, não apresentava cheiro perceptível da fruta. Mas a cerveja, que tem colarinho generoso, possui gosto marcante do ingrediente, sem, contudo, ser enjoativa. Pode desagradar puristas, mas é uma descoberta interessante. “A cerveja ainda conserva as vitaminas da banana”, afirma Giovani. “Além disso, com o potássio, ainda ajuda a prevenir câibras”, brinca.
Até agora, as primeiras produções foram consumidas em festas de confraternização da faculdade. “O ‘descarte’ nunca é problema”, diz Cléber. Já foi apresentado pedido de patente da cerveja. E, nos próximos meses, mais novidades devem sair da microcervejaria da faculdade: há projetos para fabricação de cerveja com arroz preto, mel, cana e por um processo chamado contínuo, que diminui o tempo de produção e permite aumentar a produtividade.
A análise sensorial ocorre entre 9h e 18h (com intervalo entre 12h e 14h30). O campus da Escola de Engenharia fica na Estrada Municipal do Campinho, s/nº. As “cobaias” vão provar duas variedades da cerveja, dando nota a cada uma e apontando critérios como amargor e gosto. Mais informações pelo telefone (0xx12) 3159-5107.
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